Cada quadro custa 54 mil kwanzas, menos preços com o custo da garrafa de vinho consumida pelos governantes deste país no valor de 500 mil, disse o presidente do partido Libera, Luís de Castro, apontando ainda para as desigualdades no uso dos recursos públicos.
Numa visita marcada por gestos simbólicos e críticas veladas à gestão pública local, o presidente do Partido Liberal, que realizou recentemente, o município do Bailundo, província do Huambo, onde fez a entrega de quadros escolares, giz, cadernos e lápis a uma escola primária.
Por outro lado, a instituição, composta por quatro salas de aula construídas com blocos de adobe, encontra-se em estado de extrema precariedade sem chão, sem carteiras e com paredes por rebocar.
Durante a entrega, o dirigente do partido demonstrou surpresa e indignação com as condições do espaço, em que inicialmente munido de apenas três quadros por presumir que fossem três turmas, o político comprometeu-se, em pleno acto, a enviar ainda no mesmo dia o quarto quadro em falta, destacando o custo de cada um 54 mil kwanzas. “Muito barato”, lamentou.
A acção, embora de alcance limitado, revelou o desamparo em que se encontram algumas escolas do meio rural e a falta de respostas das administrações local e provincial. Em tom crítico, o presidente referiu que a responsabilidade pelas condições da escola não recai sobre a direção da instituição, mas sim sobre o Estado. “O senhor diretor também queria ter melhores condições para trabalhar. Infelizmente não tem”, afirmou, dirigindo-se diretamente ao responsável da escola, a quem agradeceu pelo patriotismo e esforço demonstrado ao continuar a trabalhar em cenário tão adverso.
Sem grandes formalidades, e num discurso permeado de improvisos, o presidente do Partido Liberal concluiu a visita com a promessa de manter a denúncia pública sobre a situação das escolas rurais e reforçar a mobilização por melhorias concretas nas condições do ensino primário, sobretudo em comunidades negligenciadas.
A visita deixou uma mensagem clara: mesmo em contextos de carência, há lugar para a ação política de proximidade e para o reconhecimento dos que, com quase nada, ainda ensinam.