Em congresso histórico, novo partido de Abel Chivukuvuku traça rota para 2027, exigindo fim da “partidarização” e propondo revisão profunda do modelo de governação.
LUANDA (O SECRETO) – O PRA-JA Servir Angola, partido recém-legalizado e liderado por Abel Epalanga Chivukuvuku, encerrou seu Congresso Constitutivo com um comunicado final contundente, que não só marca sua entrada oficial no cenário político angolano lançando ainda um desafio directo ao membros da Frente Patriótica Unida, FPU.
O evento, que concentrou, 750 delegados das 21 províncias e da Diáspora, além de figuras nacionais e internacionais, ocorreu num momento de profundo simbolismo para Angola.
A mensagem central é clara do novo partido político PRA-JA Servir Angola clama por um governo inclusivo e despartidarizado em 2027, rejeitando qualquer forma de “agregação” e condicionando eventuais alianças a uma “coligação formal”, com uma estratégia para as eleições gerais, definida, com o pontapé de saída da campanha marcado para julho de 2027, na província do Huambo.
Na visão do PRA-JA Servir Angola, a situação actual do país é severa, no seu plano político, o congresso aponta para a “ausência de uma agenda democrática clara”, sublinhando a recusa em realizar eleições autárquicas e a preocupação com um “pacote eleitoral com indicadores preocupantes”, diante deste cenário, minam a transparência e credibilidade dos pleitos.
Economicamente, os congressistas lamentam, a situação em que está o país, em que o governo do MPLA, insistem, permanecerem refém de um “sistema econômico de enclave” dominado pelos sectores petrolífero e diamantífero.
Por lado, o PRA-JA, avança ainda que, o campo social, o quadro é igualmente desolador: “a fome prevalece em algumas regiões do país com destaque para o sul de Angola”, a pobreza e o desemprego juvenil são “características endêmicas”, impulsionando a imigração. A ineficácia das medidas contra o surto de cólera e os milhares de crianças fora do sistema de ensino, com escolas em “péssimas condições”, completam o panorama de “indignação” manifestado pelos delegados.
Em um gesto que visa sublinhar a importância da reconciliação e da memória histórica, o PRA-JA Servir Angola fez um apelo veemente pelo reconhecimento do papel dos líderes dos movimentos de libertação: Álvaro Alden Roberto (FNLA), António Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Malheiro Savimbe (UNITA). Este reconhecimento, afirmam, é crucial para refletir a “verdadeira história de Angola” e garantir que as festividades nacionais sejam “a festa de todos os angolanos”, sem partidarismo.
Com a legalização recente como um marco, o PRA-JA Servir Angola definiu uma estratégia de três pilares: crescimento, estruturação e fortalecimento. O plano envolve a melhoria do funcionamento interno das estruturas do partido, a resolução de questões financeiras e patrimoniais, e um investimento robusto na formação de seus membros, em particular da “ordem das gravatas azuis”.
A ambição do partido se materializa em eventos já programados: um acampamento em setembro de 2025 no Namibe para a “ordem das gravatas azuis” e, um evento nacional de acadêmicos, especialistas e técnicos em Luanda, em março de 2026. Este último visa recolher contribuições para o programa de governo do PRA-JA para a década 2027-2037, com uma agenda que inclui debates sobre reforma constitucional e do Estado, viabilização econômica e uma “revolução social” em Angola.
Apesar das críticas, o congresso orientou a direção do partido a “contribuir para um ambiente de harmonia entre todos os Angolanos”. O presidente Abel Chivukuvuku foi mandatado para “preparar o partido para concorrer e vencer as eleições gerais de 2027” e, crucialmente, para “instaurar concertacões necessárias para garantir alternância positiva, ordeira e pacífica”.
Em uma mensagem direta às Forças Armadas Angolanas, Polícia Nacional e serviços de segurança, o PRA-JA Servir Angola expressou “profundo sentimento de reconhecimento” e reafirmou que “ninguém será excluído” do processo de alternância. O partido também garantiu que, em um eventual governo seu, a função pública será vista como “do Estado e de todos os Angolanos”, assegurando a estabilidade e permanência dos funcionários públicos, com a ressalva de “novas regras”.
Com um programa ambicioso e uma postura incisiva, o PRA-JA Servir Angola se lança como um ator de peso no cenário político angolano, prometendo uma “alternância positiva” e um modelo de governação que, segundo seus líderes, trará a Angola para um novo rumo. A corrida para 2027 começou, e o partido de Abel Chivukuvuku já deu o seu primeiro grande passo.