LUANDA, (O SECRETO) – A capital angolana amanheceu sob forte tensão e paralisação quase total do transporte informal, nesta segunda feira, com o início da greve dos taxistas convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola, ANATA, o movimento, que se estenderá até o dia 30 de julho, é uma resposta direta ao aumento do preço do gasóleo e à nova tabela de tarifas dos transportes coletivos urbanos.
Motivações da Greve
A paralisação foi motivada por uma série de medidas governamentais que impactam diretamente o setor:
Aumento do preço do gasóleo: De 300 para 400 kwanzas por litro, como parte da retirada gradual dos subsídios aos combustíveis.
Nova tarifa de táxi: Corridas passaram de 200 para 300 kwanzas.
Reivindicações adicionais:
Falta de regulamentação formal da atividade de táxi.
Remoção de paragens sem aviso prévio.
Aumento dos custos de manutenção dos veículos.
Ausência de diálogo com o governo.
O primeiro dia da greve foi marcado por episódios de violência, vandalismo e protestos em diversos bairros de Luanda:
- Barricadas e pneus queimados bloquearam vias como a Avenida Fidel de Castro, Rua 11 de Novembro (Calemba 2), Camama e Cacuaco.
- Pilhagens e vandalismo atingiram supermercados, postos de combustível e viaturas, inclusive da polícia.
- Confrontos com a polícia foram registrados, com disparos para dispersar multidões e relatos de agressões.
- População sem transporte: Muitos cidadãos caminharam longas distâncias ou ficaram horas nas paragens sem conseguir embarcar.
Diversos cidadãos expressaram indignação e frustração:
Paixão Mateus, carpinteiro: “Estou há mais de três horas na paragem. Não há táxi, não há autocarro. Estou em risco de faltar ao serviço”.
Valéria Daniel, desempregada, “O povo está revoltado. A gasolina está a sair do nosso país, mas o preço só sobe. Muitas mulheres estão a recorrer à prostituição por falta de emprego”.
Governo Provincial de Luanda condenou os atos de vandalismo e afirmou que os distúrbios foram promovidos por “grupos sem legitimidade representativa”, Polícia Nacional de Angola declarou que a situação está sob controle em vários pontos, mas reconheceu dificuldades iniciais em conter os tumultos.
- Consulado de Portugal em Luanda emitiu alerta recomendando que cidadãos evitem deslocações desnecessárias.
No entanto, a greve está prevista para continuar até quarta-feira, 30 de julho. As associações de taxistas mantêm a paralisação como forma de pressionar o governo a rever as políticas de combustíveis e transporte.