O Secretário-Geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Pedro Miguel, teceu duras críticas às condições precárias em que algumas estações de rádio operam no país, apontando o caso de uma emissora local em Ndalatando como um exemplo claro da realidade preocupante enfrentada por muitos profissionais da comunicação.
“Visitei recentemente uma rádio em Ndalatando e, sinceramente, aquilo não tem condições nenhumas para funcionar como uma estação radiofónica”, lamentou o dirigente sindical. “Não se trata apenas de estrutura física, mas da ausência total de condições mínimas para que os jornalistas possam exercer com dignidade o seu ofício.”
Pedro Miguel questionou ainda a insistência em manter tais estações em funcionamento nessas circunstâncias. “Vale a pena? Por vezes precisamos de um pouco de vaidade profissional, de orgulho pelo espaço que construímos para servir o público. Essa rádio tem um impacto forte nas comunidades, mas quando se visita o local, a decepção é profunda, quem entra ali pela primeira vez sai desiludido.”
O sindicato tem vindo a realizar visitas de inspeção às redações e estúdios pelo país. Em alguns casos, segundo Pedro Miguel, a receção não tem sido facilitada. “Estive nessa rádio em Ndalatando e nem consegui falar com o diretor da estação. Mas já no Huambo, onde a situação é semelhante, consegui um encontro com o responsável local. É uma grande contradição entre o nome da emissora e as condições que oferece aos seus profissionais.”
O sindicalista sublinhou que o objetivo não é afrontar as direções das rádios, mas criar um espaço de diálogo que permita encontrar soluções conjuntas. “Temos procurado abordar também os promotores dessas rádios, como é o caso da Rádio Eclésia, para estabelecermos um canal de comunicação com o presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação Social. Queremos encontrar sensibilidade por parte dos conselhos de administração para que reconheçam as dificuldades vividas pelos trabalhadores.”
Pedro Miguel, “Temos a sorte de que, em muitos casos, os gestores dessas rádios são nossos colegas, pessoas com quem já trabalhamos noutras fases da vida, alguns reconhecem que a conjuntura econômica é difícil, mas mostram abertura para melhorar. Agora é esperar que essa abertura se traduza em ações concretas.”
No entanto, o apelo do sindicato deixa claro que é urgente olhar para os meios de comunicação não apenas como instrumentos de informação, mas como instituições que devem oferecer condições humanas e técnicas adequadas para seus profissionais, sob risco de comprometer o próprio serviço público que prestam.