LUANDA (O SECRETO) — A deputada da UNITA, Navita Ngolo, denunciou publicamente o que considera ser um plano deliberado de intimidação e perseguição contra os militantes do seu partido, através da instrumentalização de instituições do Estado e do uso da justiça para fins políticos.
A declaração foi feita por meio da sua conta pessoal na rede social Facebook, onde Ngolo alerta para o agravamento de um clima que remete a momentos sombrios da história política do país.
“Há um plano claro de intimidar-nos, reduzir as liberdades fundamentais, criar terror e pânico nas fileiras da UNITA, com processos crimes e sentenças politicamente encomendadas,” escreveu a parlamentar, sublinhando que esta ofensiva viola os princípios essenciais do Estado de Direito.
A deputada, adianta ainda que, há uma utilização crescente de instituições que deveriam ser republicanas para criar provocações que degeneram em actos de violência. “Estão a esticar muito essa corda das provocações! Foi assim em 75. Foi igualmente assim em 92”, recorda, numa referência aos momentos críticos de conflito político-militar da história angolana.
Apesar do cenário que classifica como preocupante, Navita Ngolo garantiu que a UNITA continuará a desempenhar o seu papel como força estabilizadora e promotora da paz no país.
“A UNITA vai continuar a ser factor de estabilidade política, de manutenção da paz e consolidação do Estado Democrático de Direito, condenamos qualquer tipo de violência, de quem quer que seja. Porém, não aceitamos julgamentos políticos e violadores dos princípios fundamentais da justiça,” afirmou.
Num gesto de solidariedade, a deputada manifestou apoio aos militantes Amélia Chinguto e António Mesquita, que consideram presos políticos em pleno tempo de paz.
“Aos nossos manos, presos políticos em tempos de paz, Amélia Chinguto e António Mesquita, a nossa solidariedade total,” escreveu.
Por outro lado, Navita evocou o legado do fundador da UNITA, Jonas Savimbi, reforçando o apelo à resistência, unidade e lucidez do partido em momentos de adversidade:
“O Dr. Savimbi nunca nos disse que seria fácil. Ele ensinou-nos que é a nossa coragem, lucidez e coesão que nos indicarão o caminho em situações conturbadas.”
As declarações surgem num momento em que crescem as tensões políticas e judiciais no país, reacendendo o debate sobre a independência das instituições e o respeito pelas liberdades democráticas. Até ao momento, não houve reação oficial por parte das autoridades judiciais ou do Executivo.