LUANDA (O SECRETO) – O Índice Mundial de Liberdade de Imprensa 2025, divulgado pela Repórteres Sem Fronteiras, RSF, confirma um cenário crítico, em 160 dos 180 países avaliados, os meios de comunicação enfrentam sérias dificuldades para garantir estabilidade financeira, levando ao fechamento de veículos em quase um terço do planeta.
Nos Estados Unidos, 57º lugar no ranking e em queda de duas posições, o impacto é visível. Vastas regiões transformam-se em “desertos de notícias” e mais de 60% dos jornalistas relatam não conseguir viver dignamente da profissão. A situação agravou-se no segundo mandato de Donald Trump, com cortes de financiamento a órgãos como a Voz da América e a Rádio Europa Livre, privando milhões de cidadãos de informação confiável.
A Palestina, em 163º lugar, enfrenta um quadro devastador: quase 200 jornalistas foram mortos em Gaza em 18 meses de ofensiva israelense, enquanto redacções foram destruídas e o bloqueio total impôs um apagão informativo. O Haiti (112º) mergulhou no caos económico e político, e países como Argentina (87º), Tunísia (129º) e Nicarágua (172º) registam o fechamento em massa de veículos, levando jornalistas ao exílio.
Outro factor crítico é a concentração da propriedade da média e o domínio de gigantes tecnológicos — Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft — que absorvem cada vez mais as receitas publicitárias. Em 2024, os gastos em publicidade nas redes sociais atingiram US$ 247,3 bilhões, deixando o jornalismo sem recursos. A interferência de proprietários e governos na linha editorial agrava o problema em países como Rússia, Hungria, Geórgia e Hong Kong.
O balanço global é alarmante: pela primeira vez na história, as condições para o exercício do jornalismo são consideradas “difíceis” ou “muito graves” em mais da metade dos países. O mapa da liberdade de imprensa nunca esteve tão vermelho, com 42 países, que concentram metade da população mundial, classificados na pior categoria.
A RSF alerta que, diante da pressão económica, da concentração de poder e da repressão política, a sobrevivência do jornalismo independente está em risco sem precedentes.