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‎Conflito entre Nyaneka e Mucubais no Namibe faz 20 mortos

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‎20 pessoas morreram em confrontos violentos entre membros das comunidades Nyaneka e Mucubais, no último domingo, 17 de Agosto, por disputas de poços de água e terras de pasto, em Cacinga, província do Namibe, reacendendo uma rivalidade com mais de 40 anos de existência e que tem deixado um rastro de sangue e dor.

‎O governador do Namibe, Archer Mangueira, classificou o conflito como tendo “raízes profundamente complexas”, associadas à escassez de recursos essenciais como água e alimento para o gado. Em resposta imediata, anunciou um plano emergencial de reabilitação de 43 pequenas represas, algumas herdadas da era colonial, com o objectivo de aumentar a oferta de água e atenuar as tensões entre as comunidades.

‎“As obras já começaram e visam dar resposta estrutural à crise. Contudo, a escassez continua crítica. Os pontos de captação existentes não garantem água suficiente nem para a população nem para o gado”, admitiu o governador em entrevista à Emissora Católica de Angola.

‎Apesar da intervenção estatal, líderes religiosos e representantes da sociedade civil alertam que a resposta não pode ser apenas técnica ou militar.

‎Para padre Celestino Epalanga, Secretário Nacional da Comissão Justiça e Paz, lamentou a perda de vidas humanas e criticou o envio da Polícia de Intervenção Rápida à zona do conflito.

‎“A presença policial não resolve problemas estruturais, o diálogo é fundamental, e este deve incluir o governo, a Igreja, as comunidades e as autoridades tradicionais”, afirmou Epalanga.

‎‎O conflito não se limita apenas à falta de recursos, mas também envolve roubo de gados e rivalidades culturais, práticas que fazem parte da estrutura social de algumas das comunidades envolvidas, disse o Padre.

‎Por sua vez, Florindo Chivucute, director da ONG Friends of Angola, criticou a ausência de comunicação oficial sobre o número de vítimas e questionou a eficácia dos esforços anteriores para resolver a crise. “Soube-se das mortes pelas redes sociais. É preciso haver mais transparência, avaliação do que falhou e novas estratégias de mediação. Se o conflito persiste, é porque os métodos atuais não estão a funcionar”, defendeu.

‎Chivucute reforçou ainda a necessidade de se evitarem especulações e apelou ao envolvimento de mediadores alternativos e imparciais, que possam ajudar a reconstruir a confiança entre os grupos rivais.

‎Fontes locais, as comunidades continuam tensas e divididas, e há relatos de deslocamentos internos forçados por medo de novos confrontos. O acesso à água, essencial à sobrevivência em uma das províncias mais áridas do país, continua a ser um dos principais pontos de tensão entre os povos da região sul.

‎No entanto, este novo episódio sangrento expõe a fragilidade dos mecanismos de resolução de conflitos em zonas rurais marcadas por desigualdade, exclusão e mudanças climáticas. Enquanto se trabalha na reabilitação de infraestruturas, cresce a urgência de soluções integradas que combinem segurança hídrica, diálogo comunitário e justiça histórica.

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