Reunidos em conferência de imprensa na capital do país, representantes da aviação evangélica, membros do Conselho de Igrejas Cristãs de Angola (CICA) e líderes das mais distintas igrejas evangélicas voltaram a erguer as suas vozes em prol da justiça social, do diálogo construtivo e da paz nacional.
A ocasião marcou a apresentação oficial de uma Carta Pastoral, reflexo da preocupação crescente da comunidade cristã com a actual conjuntura económica e social que Angola enfrenta.
O encontro foi também uma demonstração de gratidão aos órgãos de comunicação social que prontamente atenderam ao convite do CICA para testemunharem este momento considerado de extrema importância para o país.
Um Chamado à Esperança em Meio à Tempestade
Inspirando-se na passagem bíblica de Actos 27:22, onde o apóstolo Paulo acalma os que viajavam com ele durante uma tempestade dizendo “tenham bom ânimo, pois nenhuma vida se perderá”, a liderança eclesiástica fez um paralelo com a situação nacional, enfrentando uma “tempestade” marcada pelo agravamento da crise econômica, aumento do custo dos combustíveis, das propinas escolares, dos transportes e dos produtos da cesta básica, as igrejas destacaram a urgência de medidas concretas para proteger as famílias mais vulneráveis.
Educação em Risco e a Urgência de Reformas
A carta aponta para a preocupação com o acesso à educação, considerada pela igreja “um direito fundamental e a chave para o desenvolvimento e a erradicação da pobreza”, e aumento generalizado dos custos pode comprometer esse direito, aprofundando as desigualdades sociais e limitando o futuro de milhares de jovens angolanos.
Apelo ao Governo e ao Povo Angolano
Com voz serena, mas firme, a igreja apelou à calma e à união do povo, recordando que Angola já superou desafios históricos consideráveis e que este momento, embora delicado, pode igualmente ser ultrapassado, “vamos engajar a ferramenta poderosa do diálogo civil e responsável”, disse um dos líderes religiosos presentes.
Ao governo, o apelo foi direto: “Lembrem-se que o povo é a razão da vossa existência. Governar é servir e não se servir. Encorajamos o Executivo a promover um diálogo inclusivo, com todas as vozes influentes da sociedade, para juntos encontrarmos saídas sustentáveis que garantam a paz e o progresso”.
A Igreja, Voz Profética
Como instituição profética, a igreja reafirmou seu compromisso de continuar orando pelas autoridades, como ensina a epístola de 1 Timóteo 2:1, mas também de agir como instrumento de justiça, como declarou Jesus em Lucas 4:18: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres.
A mensagem final da carta é de esperança e responsabilidade: “O desafio que enfrentamos é grande, mas não é impossível. Precisamos trabalhar juntos para construir uma Angola digna dos angolanos. Mas Angola só será digna de nós, se nós formos dignos de Angola.”