Em 2024, o estadista angolano brindou o mundo com louváveis iniciativas diplomáticas.
Aplausos! No entanto, paira sobre nós a sombra de um paradoxo cruel: enquanto celebramos a união de panelas estrangeiras, as nossas jazem vazias, clamando por socorro.
Chegará o momento em que as panelas, instrumentos de sustento e símbolo da fartura, erguerão as catanas da indignação. A fonte que outrora jorrava o pão nosso de cada dia agoniza em uma seca alarmante.
Angola, a pátria que veste a vergonha de vender a própria dignidade, prioriza a casa alheia em detrimento da sua.
É desumano, frustrante e vergonhoso valorizar as panelas de outros países, enquanto se ofende, cospe e desvaloriza os donos das fontes de pão e riqueza que nos pertencem por direito.
Somos o único país do mundo que se atreve a combater a cólera com panelas desprovidas de água e repletas de lixo, a água como elemento vital, é contrabandeada, negando-a aos mais necessitados.
Tornamos licenciados na política da morte, e não da vida. O que nutre a vida é pecado autêntico.
Nossas panelas choram o sangue humano, pois chorar sangue de água seria dar vida aos pobres.
Apesar das reconhecidas dificuldades em concretizar os objetivos da governação, com a persistente vulnerabilidade da pobreza em suas múltiplas faces, os recursos continuam a desviar-se, como um molho que se esvai por entre os dedos.
Angola, a pátria das panelas vazias, clama por justiça, por respeito, por prioridade. Que 2024 seja o ano da virada, em que as panelas voltem a sorrir, saciando a fome e devolvendo a dignidade ao povo angolano.