28 C
Loanda

Estamos cansados de promessas afirma presidente do MEA Francisco Teixeira

Mais Lidas

LUANDA (O SECRETO) – “Estamos cansados de promessas”, o problema da educação em Angola não é falta de discursos, é falta de acção”, afirma,  Francisco Teixeira, presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), reagindo das  recentes pronunciamentos do Presidente da República, João Lourenço, sobre um investimento de 500 milhões de dólares para a construção de novas escolas no país.

Para o MEA, a realidade actual do sector da educação não se resolve com promessas nem com números isolados, Teixeira, avança ainda que, o governo tem falhado sistematicamente na execução de políticas públicas que garantam o acesso e a qualidade do ensino, principalmente para as crianças mais pobres e nas zonas rurais.

 “Mais de 9 milhões de crianças continuam fora da escola. Há escolas onde os alunos sentam no chão, não têm carteiras, nem quadros e nem giz, já enviámos vários relatórios à Presidência e ao Ministério da Educação. Não tivemos resposta”, denuncia.

O dirigente estudantil vai mais longe ao questionar a capacidade do Executivo em aplicar correctamente os recursos anunciados.

“O Presidente está cercado de pessoas que já desviaram milhões de kwanzas dos programas de merenda escolar, da compra de carteiras e livros, temos medo que este dinheiro também desapareça. Há uma crise de confiança”, afirma.

Por outro lado, João Lourenço, adianta que, apesar das críticas, é inegável que Angola registou progressos importantes nas últimas cinco décadas, antes da independência, em 1975, cerca de 85% da população angolana era analfabeta, mais hoje, esse número caiu para 24% entre pessoas com mais de 15 anos, registando um avanço importante, mas ainda insuficiente, especialmente considerando que a taxa de analfabetismo continua elevada entre mulheres e nas comunidades rurais.

O Presidente João Lourenço reconheceu publicamente a necessidade de formar mais quadros, incluindo os que se encontram na diáspora, destacando que “o país precisa dos seus filhos”. Ainda assim, a distância entre o discurso oficial e a realidade nas escolas é visível.

“O governo fechou mais de 2 mil escolas e não conseguiu reabri-las. Há estudantes a dormirem nas escolas para conseguirem uma vaga. A educação pública está em estado de abandono”, afirma Francisco Teixeira.

Falta de vontade política

O orçamento do sector educativo tem sido uma das grandes críticas da sociedade civil, o responsável do MEA sublinha ainda que, mesmo após promessas de aumento de investimento, os números não correspondem às necessidades do país.

“O investimento real na educação continua abaixo de 6,2% do orçamento geral. Isso é inaceitável para um país com uma juventude tão ampla e um sistema educacional tão fragilizado”, alerta o líder estudantil.

A organização defende que sem um plano de execução concreto, metas mensuráveis e acompanhamento independente, o novo investimento anunciado corre o risco de se transformar em mais uma promessa não cumprida.

O desafio da literacia e da equidade

Para além da infraestrutura física, a luta contra o analfabetismo funcional e a desigualdade de acesso continua a ser um desafio nacional, e nas províncias mais afastadas, escolas funcionam com professores sem formação adequada, turmas superlotadas e sem materiais didácticos.

“Queremos sair da teoria para a prática. Chega de inaugurações simbólicas, precisamos de uma política de Estado séria, inclusiva e com resultados concretos”, conclui Francisco Teixeira.

No entanto, a educação é apontada por especialistas como a base do desenvolvimento económico e social de qualquer nação, “em Angola”, após 50 anos de independência, a pergunta que ainda persiste é: Quando o direito à educação deixará de ser apenas uma promessa e passará a ser uma realidade para todos?

PUBLICIDADE spot_img

Mais Artigos

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

PUBLICIDADEspot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Últimos Artigos