LUANDA (O SECRETO) – Na véspera da abertura da Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, o Secretário Geral António Guterres, lançou um forte apelo aos líderes internacionais, pedindo “acção urgente e coordenada” diante da multiplicação de crises globais.
Em entrevista à ONU News, Guterres alertou que “há um sentimento de impunidade” no cenário internacional, em que conflitos se expandem enquanto divisões geopolíticas dificultam soluções eficazes. Segundo ele, países em desenvolvimento enfrentam “enormes dificuldades”, atolados em dívidas e sem acesso a financiamento adequado, o que aprofunda desigualdades.
A crise climática também esteve no centro de suas declarações. O chefe das Nações Unidas afirmou que será “muito difícil” manter a meta de limitar o aquecimento global a menos de 1,5 °C, como estabelecido no Acordo de Paris. Defendeu ainda que cada Estado-membro apresente novos planos climáticos com cortes drásticos de emissões.
Outro ponto destacado foi a necessidade de regulamentar o uso de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, para que sirvam ao bem comum e não ampliem polarizações e discursos de ódio.
No campo político, Guterres apelou ao fim imediato da violência em Gaza, com cessar-fogo e libertação de reféns, e reiterou o apoio à solução de dois Estados para o conflito entre israelitas e palestinianos. Também chamou a atenção para a guerra no Sudão e outros “conflitos esquecidos”, pedindo mais unidade no Conselho de Segurança.
O secretário-geral frisou que espera da próxima semana compromissos concretos em áreas-chave: redução de emissões, reforma da arquitectura financeira internacional e fortalecimento do multilateralismo.
“Não sou nem optimista nem pessimista, sou determinado”, afirmou Guterres, sublinhando que o momento exige “construir esperança e nunca desistir até alcançar os objectivos”.
O Debate Geral da Assembleia arranca em 23 de Setembro, com o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva como o primeiro chefe de Estado a discursar.