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‎João Lourenço aprova financiamento de mais de 90 milhões a “Queridinha” ligada ao regime com riscos assumidos

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‎Numa altura em que se exigem mais critérios e transparência na gestão dos fundos públicos, o Presidente João Lourenço autorizou garantias soberanas no valor de 93,6 milhões de euros, com destaque para a empresa Every Where Angola (EWA), que arrecada sozinha 72 milhões, e a segunda maior fatia de sempre atribuída sob este regime especial de garantias do Estado.

‎Criada há apenas três anos, em 2022, a EWA vai desenvolver um projecto de produção de soja, um sector considerado prioritário no plano de diversificação económica.

‎Para a fonte, em que  “O Secreto” teve acesso, a juventude da empresa e a escala do financiamento levantam dúvidas sobre os critérios que orientaram a sua selecção como beneficiária de um apoio estatal tão significativo.

‎Mais revelador ainda é o teor das condições impostas pelo despacho presidencial n.º 254/25, de 5 de Outubro, que aprova a operação. O documento exige o penhor total das contas bancárias da EWA e, de forma inusitada, também das contas da Refitec,  uma empresa veterana, com fortes vínculos a figuras históricas do regime angolano e envolvimento recorrente em negócios com o Estado.

‎Por outro lado, as tais exigências não são comuns noutros contratos de garantias soberanas, o que sugere que o próprio Executivo reconhece o elevado risco associado ao financiamento.

‎A fonte avança ainda que, esta medida preventiva levanta suspeitas sobre a solidez financeira da EWA e a real viabilidade do projecto. Ao envolver directamente os activos de uma empresa tida como “intocável”, o Governo parece tentar blindar-se contra potenciais prejuízos futuros, mas expõe, ao mesmo tempo, a promiscuidade entre interesses públicos e privados.

‎alertam vai para os perigos deste modelo, em que o Estado actua como avalista de investimentos privados sem critérios claros de elegibilidade, auditabilidade e retorno, disse. O caso da EWA reabre o debate sobre a real reforma da gestão dos fundos públicos sob a presidência de João Lourenço, que prometera combater o nepotismo e a opacidade herdados do passado.

‎Enquanto isso, a população continua a enfrentar dificuldades no acesso ao crédito agrícola, num país onde projectos de base comunitária raramente recebem atenção do Estado.

‎No entanto,  a atribuição de 72 milhões de euros a uma empresa estreante, ligada a actores tradicionais do poder, com garantias consideradas “excepcionais”, coloca em causa o compromisso governamental com a transparência, a equidade e a justiça económica. E, sobretudo, evidencia que algumas portas continuam abertas — mas só para quem detém as chaves certas.

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