LUANDA, (O SECRETO) – O renomado escritor angolano Manuel Rui, fez lançamento oficial de três novas obras literárias: “Mulher e Marido”, “Onze Poemas em Novembro” e “O Kaputo Camionista”, recentemente, em Luanda.
O evento reuniu escritores, leitores, críticos literários e representantes de instituições culturais, num momento marcado por reflexões profundas sobre a identidade, a memória coletiva e os desafios sociais de Angola.
Entre as três obras apresentadas, “Onze Poemas em Novembro” destaca-se como uma celebração lírica do mês da Independência. No seu 10.º volume da série, Manuel Rui revisita Novembro como uma metáfora de esperança, luta e persistência histórica. Os poemas evocam a memória da resistência, o quotidiano do povo angolano e os sonhos por um futuro construído com coragem. Mais do que literatura, os versos oferecem uma verdadeira pátria em forma de poesia.
”Mulher e Marido”, por sua vez, é uma novela breve, mas intensa, que se debruça sobre a intimidade do afeto, a solidão e os silêncios conjugais. O autor mergulha no tecido sensível das relações humanas, retratando uma mulher que partilha o mesmo espaço físico com o marido, mas não o mesmo tempo emocional. Com economia de palavras e profundidade de sentido, Manuel Rui denuncia a ausência de um amor maduro nas relações contemporâneas.
A mais ousada das três obras, “O Kaputo Camionista”, mistura ficção, memória histórica e crítica social. A narrativa segue um camionista angolano que, durante o Mundial de Futebol de 1966, parte de Lubango e percorre os caminhos coloniais até ao coração da nação. Com a figura lendária de Eusébio como pano de fundo, a obra transforma-se numa viagem simbólica pelos muitos “quilómetros” da história angolana, marcada por resistência, identidade e transformação.
Durante a cerimónia de lançamento, Antonieta Kulanda, presidente da Liga de Mulheres Africanas (LIMA), sublinhou a importância das obras de Manuel Rui, que, segundo ela, “apelam à juventude a reencontrar-se com a leitura como ferramenta para o enquadramento sócio antropológico e valorização das línguas nacionais e das culturas diversas”.
A leitora e entusiasta da literatura angolana, Alzira José, também interveio, lamentando que “os jovens hoje em dia dormem nas redes sociais, onde pouco ou nada de útil se faz. Apostar na leitura é tornar-se conhecedor da sociedade e da sua história”.
Manuel Rui Alves Monteiro nasceu a 4 de novembro de 1941, em Lisboa, tendo sido registado na atual província do Huambo, no planalto central de Angola. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu advocacia e teve papel relevante na fundação do Centro de Estudos Jurídicos, entre outras funções académicas e políticas. Além de uma vasta obra literária, é também autor da letra do Hino Nacional de Angola, assim como de vários textos para campanhas de alfabetização, agricultura e integração cultural.
Com colaborações dispersas por jornais e revistas nacionais e internacionais, e uma trajetória respeitada tanto na literatura quanto na vida pública, Manuel Rui continua a ser uma das vozes mais influentes da cultura angolana.