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Mike Johnson convoca imprensa informar a crescente pressão de paralisação federal

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WASHINGTON (O SECRETO) – No 16.º dia da paralisação parcial do governo federal dos Estados Unidos, o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, concedeu uma entrevista colectiva nesta quinta-feira, 16 de Outubro, em meio a um cenário cada vez mais tenso e com impactos económicos e sociais já perceptíveis.

A paralisação, iniciada no dia 1º de Outubro por conta da falta de consenso entre republicanos e democratas sobre a aprovação de uma medida provisória de financiamento, tem provocado uma série de paralisações de agências federais e suspensão ou atraso de serviços públicos. Agências consideradas “não essenciais” foram fechadas ou operam em regime reduzido, enquanto funcionários federais entraram em regime de furlough (licença não remunerada) ou esperam pagamentos retroactivos.

Declarações de Johnson e estratégia legislativa

Durante o encontro com a imprensa, Johnson reafirmou que a Câmara dos Representantes permanecerá fora de sessão até que o Senado aprove o projecto de “stopgap funding” (medida provisória) apresentado pelos republicanos, sem incorporar modificações exigidas pelos democratas. Segundo fontes próximas, o objectivo de Johnson é forçar o Senado Democrata a aceitar o texto “limpo” — isto é, sem emendas ou itens adicionais — antes de retomar negociações sobre políticas como subsídios de saúde.

A ausência da Câmara em Washington nas últimas semanas tem sido apontada como estratégia para pressionar a oposição. Críticos da manobra afirmam que a paralisação deliberada do Legislativo agrava o impasse.

Johnson também alertou que, sem intervenção decisiva, a paralisação pode se tornar a mais duradoura da história americana — recorde actualmente mantido pela paralisação de 35 dias entre 2018 e 2019.

O custo para a economia americana

Nos últimos dias, o governo revisou estimativas sobre os prejuízos económicos da paralisação. Inicialmente, o secretário do Tesouro Scott Bessent havia estimado perdas de até US$ 15 bilhões por dia, mas, posteriormente, um funcionário do Tesouro corrigiu o número para US$ 15 bilhões por semana, com base em análise do Conselho de Assessores Económicos da Casa Branca.

O novo cálculo sugere que cada semana adicional de paralisação reduz o PIB americano em cerca de US$ 15 bilhões em produção não realizada — uma cifra expressiva, embora menos dramática que a ordem de grandeza anterior.

Além disso, segundo Bessent e analistas, o impasse já “está cortando nos músculos” da economia: há atrasos nos pagamentos a funcionários federais, suspensão de serviços como museus nacionais e programas de assistência social, e incerteza crescente entre investidores.

Relatórios da Casa Branca indicam que, se a paralisação persistir por um mês, os EUA poderiam registar cerca de 43 mil desempregados adicionais e uma queda de US$ 30 bilhões em gasto do consumidor, reflexo da renda perdida e do efeito cascata nos sectores privados.

Impactos no sector militar e medidas emergências

Embora o Congresso não tenha aprovado legislação específica para pagar os militares, o presidente Donald Trump assinou ordem executiva para usar verbas “não gastas” do orçamento de defesa de 2026 para garantir os pagamentos de aproximadamente 1,3 milhão de militares em serviço activo.

O redireccionamento de recursos protegeu temporariamente os salários dos militares, mas não resolve o cerne do impasse orçamentário. Johnson acusou os democratas de usarem as Forças Armadas como “moeda de troca” nas negociações orçamentárias.

Por sua vez, opositores afirmam que essa estratégia contorna o papel do Congresso e estabelece um precedente perigoso de execução unilateral de pagamentos.

Caminhos para solução e riscos políticos

Até o momento, nove tentativas de votação no Senado para retomar o financiamento federal fracassaram, mantendo o impasse.

Democratas têm exigido que qualquer projecto de reabertura inclua uma extensão dos subsídios de saúde da Lei de Assistência Acessível (Affordable Care Act) — elemento que os republicanos relutam em inserir.

No plano político, tanto Johnson quanto o presidente Trump enfrentam pressão dentro do próprio Partido Republicano e da opinião pública. A inacção prolongada pode corroer a confiança dos eleitores e fornecer munição para críticas de que o partido maioritário está sacrificado serviços públicos em nome de disputas partidárias.

Já no plano institucional, quanto mais longa a paralisação, maior a pressão de tribunais federais para barrar demissões, garantir pagamentos retroactivos e obrigar negociações sob liminares judiciais — algo que já começou a ocorrer.

Projecção e cenário internacional

Se a paralisação perdurar, especialistas alertam para efeitos de contágio global — dada a centralidade da economia dos EUA nos fluxos comerciais, financeiros e tecnológicos. A interrupção de dados oficiais, atrasos em contratos federais e instabilidade regulatória podem gerar retrocessos no ânimo dos investidores internacionais.

Na esfera doméstica, o desafio será retomar operações normais rapidamente e reparar os danos económicos e sociais acumulados. Para isso, será necessário mais do que um simples projecto de financiamento temporário — será preciso restaurar confiança entre os partidos e encaminhar negociações mais amplas sobre gasto público, saúde e prioridades federais.

Enquanto isso, a colectiva de Mike Johnson coloca sob foco central o papel da Câmara no impasse, suas estratégias tácticas e a responsabilidade política de se resolver uma crise que, pouco a pouco, compromete não apenas a economia, mas a legitimidade do governo e o bem-estar dos cidadãos.

 

 

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