LUANDA (O SECRETO) – Ao longo dos últimos dois anos, a Fundação Mulher Contra o Cancro da Mama intensificou seus esforços de prevenção, educação e apoio a milhares de famílias em várias províncias do país. Através de campanhas como a Jornada Rosa, a organização tem contribuído de forma notável para a luta contra o cancro da mama e ampliado suas acções para abranger também o cancro da próstata, do colo do útero e até os enfartos, que são hoje uma das principais causas de morte.
Jornada Rosa 2024: mais de 18 mil beneficiados em acções directas
Entre os dias 7 e 31 de Outubro de 2024, a Fundação liderou a Jornada Rosa, uma mobilização nacional com actividades de sensibilização, rastreios, marchas de solidariedade, palestras e inauguração de infra-estruturas médicas. Segundo Ludimila Campos, coordenadora do programa, “o foco foi levar informação e serviços de saúde às populações mais vulneráveis, de forma integrada”.
A campanha teve impacto directo nas províncias do Bem, Bié e Doada, beneficiando mais de 18 mil pessoas. Um dos momentos centrais foi a marcha na província de Bié, realizada em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Cancro. A actividade reuniu mais de 15 mil participantes de diferentes idades e classes sociais.
Iniciativas estruturantes e novas parcerias
Ainda em Outubro de 2024, foi inaugurada uma nova sala de consultas de rastreio ao cancro da mama no Instituto da Polícia do Bem, em colaboração com o núcleo local da fundação. Essa infra-estrutura visa garantir a continuidade de exames preventivos e sessões educativas a nível comunitário.
Em paralelo, a Fundação promoveu a campanha “Anjadas Três Palestras”, levando conhecimento técnico e acessível sobre o cancro e outras doenças crónicas a instituições de ensino, igrejas e eventos comunitários. O foco foi sempre a prevenção primária e o diagnóstico precoce.
Educação em saúde e o impacto comunitário
De Março a Setembro de 2025, a Fundação expandiu suas acções com duas palestras mensais em espaços religiosos e académicos, além da participação em feiras de saúde e eventos organizados por instituições como a Organização da Mulher e a Anácio (Associação Nacional de Acção Social).
Essas acções reafirmaram a importância de integrar os cuidados de saúde primários com actividades educativas. Como destaca a própria Fundação, “as ações preventivas são essenciais para assegurar uma vida saudável em todas as fases da vida, e devem ser vistas como um investimento no bem-estar nacional”.
Cancros e enfartos, causam inúmeros e o peso silencioso das doenças crónicas
Dados internacionais de 2022 a 2024 revelam que o cancro continua a ser uma das doenças mais letais do mundo. Segundo estimativas, mais de 20 milhões de casos foram diagnosticados, com cerca de 9,7 milhões de mortes e 53,5 milhões de pessoas vivendo com a doença cinco anos após o diagnóstico.
Entre os tipos mais comuns estão o cancro da mama, do colo do útero, da próstata e colorretal. Paralelamente, os infartos e AVCs (acidentes vasculares cerebrais) superam até o cancro em número de óbitos, tornando-se líderes em causas de morte global.
As causas dessas doenças estão muitas vezes ligadas a factores genéticos, hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool, poluição e falta de acesso a exames regulares.
A importância da prevenção e o papel do sistema de saúde
O Dr. Miguel Tiago, médico cirurgião que actua há mais de 20 anos na área oncológica, destaca que o diagnóstico precoce pode salvar vidas. “Os exames de rastreio, como o toque da mama, o exame da próstata e o Papanicolau para o colo do útero, são rápidos, acessíveis e salvam vidas. Muitos ainda acham que são dolorosos ou caros, mas são oferecidos gratuitamente em várias unidades de saúde do país.”
O médico reforça também o papel das famílias: “Cancros hereditários existem. A medicina chama isso de árvore genealógica ou história familiar. Saber o histórico de doenças da sua família pode ajudar a antecipar exames e tomar decisões mais informadas.”
Desafios do sistema e soluções sugeridas
Apesar dos avanços, desafios persistem. Segundo o Dr. Tiago, ainda há falta de profissionais formados e infra-estrutura suficiente. “Não basta só médicos. Precisamos de enfermeiros, técnicos, psicólogos, assistentes sociais. O combate ao cancro e às doenças cardíacas exige uma abordagem multidisciplinar e humana”.
Campanha Roda Rosa 2025: olhar para todos, cuidar de todos
A campanha actual da Fundação, intitulada “Roda Rosa”, segue em curso até 31 de Outubro de 2025. Com o lema “Prevenção Hoje, Vida Sempre”, a campanha abrange acções educativas, exames gratuitos, formações, marchas de solidariedade e distribuição de materiais informativos.
O objectivo é claro: envolver homens, mulheres, jovens e idosos na luta pela saúde e pela vida. A campanha reforça que a prevenção é o único caminho para reduzir o número de diagnósticos tardios e óbitos evitáveis.
O Jornal O Secreto, apela à responsabilidade colectiva
A saúde é uma responsabilidade individual, mas sobretudo colectiva. Como disse uma participante de uma das palestras da fundação: “A família é família, mas também tem doença. Se cuidarmos uns dos outros, podemos mudar o rumo das nossas vidas.”
Com base nos resultados dos últimos dois anos, é evidente que o trabalho da Fundação Mulher Contra o Cancro da Mama tem sido fundamental para a consciencialização e a prevenção em saúde pública, e continua a inspirar outras organizações e comunidades a fazer o mesmo.
Atenção!
Se deseja realizar um exame de rastreio gratuito, entre em contacto com a Fundação ou dirija-se aos centros de saúde parceiros mais próximos da sua localidade.