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‎Só não mataram meu filho porque o povo falou afirma a mãe do activista

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‎LUANDA, (O SECRETO) – O activista cívico, Osvaldo Caholo, conhecido por suas posições críticas em relação ao poder instituído e sua defesa veemente dos direitos humanos, foi detido em circunstâncias ainda pouco claras fora de Luanda, em que foi avistado pela última vez sendo levado por uma viatura descaracterizada em direção à localidade da Barra do Dante, levantando forte suspeita de um possível sequestro, situação que gerou alarme nas redes sociais e desencadeou um movimento espontâneo de denúncia pública.

‎A confirmação da detenção só foi feita pelas autoridades horas depois da repercussão do seu desaparecimento nas plataformas digitais. Até então, o paradeiro de Osvaldo era completamente desconhecido, o que fez com que familiares e amigos temessem pelo pior.

‎Entre os que mais se manifestaram está sua mãe, Isabel António Correia, veterana da guerra de libertação nacional, que responsabiliza diretamente os órgãos de segurança do Estado por supostas intenções de silenciar o filho. Em declarações emocionadas, Isabel afirmou que só a pressão popular impediu que Osvaldo fosse morto.

‎ “Se não fossem as denúncias nas redes sociais, o meu filho hoje podia estar morto, eles queriam fazer um desaparecimento silencioso, como já aconteceu com outros, como, Caçule e Camulingue, e só não conseguiram porque o povo reagiu a tempo”, disse a mãe.

‎Para Isabel Correia, Osvaldo está detido sem acesso a alimentação há dois dias e não cometeu qualquer crime além de se expressar livremente. “O meu filho não fez nada. Apenas falou a verdade. E eu também estou a fazer o mesmo”, declarou, acusando o sistema de prender críticos e proteger quem comete abusos dentro do poder.

‎“Este país não é só do MPLA” Isabel Correia também lançou críticas diretas ao partido no poder, o MPLA, afirmando que Angola pertence a todos os seus cidadãos e não apenas aos que ocupam cargos políticos.

‎“Este país é grande. Cabe todo mundo, não só os do MPLA. Meu filho falou dos generais, dos oficiais superiores, mas falar virou crime agora? Se ele mentiu, provem na justiça. Mas não se pode prender alguém por dizer o que muitos têm medo de dizer”, desabafou.

‎A veterana disse ainda que há uma tentativa de transformar o filho em exemplo para intimidar outros jovens ativistas que vêm ganhando espaço no debate público, sobretudo através das redes sociais, com críticas à corrupção, à violência policial e à má gestão dos recursos públicos.

‎Silenciamento e repressão: uma prática recorrente

‎A detenção de Osvaldo Correia ocorre em um momento de crescente tensão entre o Estado e os setores mais ativos da sociedade civil angolana. Nos últimos anos, diversos jovens ativistas, jornalistas e opositores políticos têm denunciado perseguições, prisões arbitrárias e tortura por parte das forças de segurança.

‎Organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, já alertaram anteriormente para o uso do aparato policial e judicial como instrumento de repressão política em Angola.

‎“A prisão de Osvaldo, em condições obscuras e sem acusação formal, é mais um sinal preocupante do retrocesso das liberdades civis no país”, afirma um representante de uma organização local de direitos humanos, sob anonimato, por receio de retaliações.

‎Clamor por justiça e transparência

‎Nas redes sociais, a hashtag Libertem Osvaldo já reúne milhares de menções, com exigências de sua libertação imediata e do respeito à legalidade no processo. Há também apelos para que organizações internacionais se pronunciem e pressionem o governo angolano a respeitar os tratados de direitos humanos dos quais é signatário.

‎Apesar da repercussão, até o momento não há informações oficiais detalhadas sobre os motivos da detenção nem sobre o estado de saúde de Osvaldo Correia. Familiares afirmam que ainda não tiveram acesso direto ao ativista e que temem represálias por tornarem o caso público.‎

‎Isabel, porém, diz que não se calará;‎ “Fui à guerra para libertar este país, e agora meu filho está preso por usar a liberdade que nós lutamos para conquistar? Não. Isso não é justiça, é vingança política.”

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