CABINDA (O SECRETO) – O Instituto Médio Politécnico de Chiazi, em Cabinda, ganhou recentemente, duas salas de informática totalmente equipadas, com acesso à internet de alta velocidade, promovida no âmbito do projecto de responsabilidade social Golfe Solidário, desenvolvido pela Internet Technologies Angola S.A. (ITA), representa mais do que um simples gesto de solidariedade.
Num país onde menos de 30% da população tem acesso regular à internet, segundo estimativas recentes, a exclusão digital continua a reflectir as desigualdades estruturais entre zonas urbanas e rurais, e entre províncias do litoral e do interior. Em muitas escolas do país, a informática ainda é ensinada no quadro, sem computadores, sem ligação à internet e sem qualquer contacto prático com as ferramentas que definem o mundo moderno. A realidade é particularmente severa em localidades como Liambo, onde o investimento público em infraestruturas digitais continua insuficiente ou inexistente.
Foi neste contexto que a ITA entregou ao Instituto de Chiazi duas salas equipadas com 42 computadores de última geração (21 por sala), sistemas de alimentação ininterrupta, internet rápida e televisores LG Smart para apoio ao ensino. O projecto, orçado em mais de 75 milhões de kwanzas, combina os 35 milhões arrecadados na última edição do Golfe Solidário com um investimento directo de 40 milhões feito pela empresa. CABSHIP e NOSSA SEGUROS, patrocinadores oficiais da iniciativa, reforçaram a acção, num esforço conjunto que procura não apenas oferecer meios tecnológicos, mas criar condições reais para a transformação da educação em Angola.
Durante a inauguração, marcada pela presença de autoridades locais e membros da comunidade escolar, o Director geral da ITA, Francisco Pinto Leite, destacou o alcance da iniciativa. Desde 2012, o programa já beneficiou mais de 10 mil alunos em diferentes regiões do país, com a criação de mais de 20 salas de informática completas, muitas delas em zonas até então sem qualquer acesso digital. Chiazi junta-se, assim, a um mapa crescente de escolas que foram retiradas da invisibilidade tecnológica graças à colaboração entre o sector privado e a educação pública.
A problemática da internet em Angola permanece, no entanto, crítica. Apesar dos avanços pontuais e dos esforços de empresas como a ITA, a conectividade contínua, cara, instável e limitada, sobretudo fora dos grandes centros urbanos. Para milhares de estudantes, a ideia de pesquisar na internet, assistir a uma aula virtual ou aceder a plataformas de aprendizagem ainda é uma realidade distante. A ausência de políticas públicas consistentes, associada à fragilidade das infraestruturas nacionais, torna difícil a expansão da internet com qualidade e custo acessível para todos.
É nesse cenário que acções como esta ganham um peso simbólico e estrutural. A instalação das salas de informática em Chiazi não termina na entrega dos equipamentos. A ITA comprometeu-se a garantir suporte técnico e manutenção contínua, assegurando que os recursos não se tornem obsoletos ou inutilizáveis. Além disso, a escola foi seleccionada para receber conectividade via ANGOSAT-2, o satélite angolano que poderá, se bem explorado, abrir novos horizontes para a inclusão digital em áreas remotas.
Com mais de 20 anos de operação no país, a ITA é parte do Grupo Paratus, com presença em várias províncias e soluções tecnológicas baseadas em fibra óptica, microondas e satélite. A empresa possui dois datacenters Tier III e um teleporto, operando com padrões internacionais de segurança e fiabilidade. Mas, mais do que a robustez técnica, é o compromisso com o desenvolvimento humano que dá sentido a projectos como este.
O Instituto de Chiazi não apenas ganhou duas salas modernas. Ganhou, sobretudo, uma oportunidade: de estar ligado ao presente, de preparar os seus estudantes para o futuro e de quebrar o ciclo da exclusão digital que ainda marca o sistema educativo nacional. Em tempos em que a internet deixou de ser um luxo e passou a ser uma condição básica para o exercício pleno da cidadania, cada escola conectada representa um passo firme no caminho da justiça social e da transformação real.