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OMS alerta: Sarampo volta a crescer e revela fragilidades nos sistemas de saúde

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O mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS, mostra que, apesar dos avanços obtidos nas últimas duas décadas, o sarampo continua a ser uma ameaça crescente para a saúde global.

Entre 2000 e 2024, as mortes caíram 88%, um feito atribuído sobretudo às campanhas de vacinação que salvaram cerca de 59 milhões de vidas. Porém, a escalada dos surtos e a queda na cobertura vacinal acendem um alerta urgente.

Em 2024, o mundo registou 95 mil mortes por sarampo, a maioria de crianças com menos de cinco anos. Embora este seja um dos números mais baixos desde o início do século, representa vidas perdidas para uma doença completamente evitável. O número de infeções também voltou a subir: foram 11 milhões de casos, quase 800 mil acima dos níveis anteriores à pandemia de Covid-19.

A distribuição dos surtos é desigual. A Região do Mediterrâneo Oriental registou um aumento expressivo, somando 86% dos casos notificados, seguida pela Europa e pelo Sudeste Asiático. A exceção positiva é o continente africano, onde a expansão da vacinação reduziu em 40% as infeções e em 50% as mortes. Ainda assim, milhões de crianças continuam vulneráveis, especialmente em zonas afetadas por conflitos ou com acesso limitado aos serviços de saúde.

As estimativas da OMS/Unicef revelam que 84% das crianças receberam a primeira dose da vacina em 2024, mas apenas 76% concluíram o esquema vacinal. Para impedir a transmissão do vírus, seriam necessários pelo menos 95%. Mais de 30 milhões de crianças ficaram sem proteção, destacando lacunas significativas que favorecem a propagação da doença.

A Revisão Intercalar da Agenda de Imunização 2030 reforça que o sarampo é, muitas vezes, o primeiro sinal de colapso dos programas de vacinação. Os surtos recentes expõem fragilidades profundas em sistemas de saúde que enfrentam escassez de recursos, cortes financeiros e pressões políticas. A perda do estatuto de eliminação do sarampo na Região das Américas, após surtos persistentes no Canadá, ilustra esse retrocesso.

Mesmo com o cenário preocupante, alguns países conseguiram avançar. Em 2025, o número de países que eliminaram o sarampo chegou a 96, incluindo Cabo Verde, Maurícia e Seychelles, além de territórios do Pacífico. Contudo, esses progressos não são suficientes para aproximar o mundo da meta global de eliminação.

A OMS alerta que, sem investimentos urgentes e sustentados, o risco de novos surtos continuará a aumentar. Para reverter a tendência, é essencial reforçar a imunização de rotina, melhorar a vigilância epidemiológica e garantir campanhas de vacinação amplas e eficazes. A organização apela ainda à mobilização de novos parceiros e à recuperação do financiamento perdido, considerado um dos maiores desafios para evitar um retrocesso histórico na luta contra o sarampo.

 

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