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‎Basta de guerras clama por paz realista e acção global Cardeal Zuppi

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‎LUANDA (O SECRETO) — A guerra não pode mais ser vista como um instrumento legítimo de resolução de conflitos, este apelo firme lançado pelo cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, durante a conferência “Basta de Guerras: Construir a Paz por Meio dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento e da Solidariedade Internacional”, realizada na sede das Nações Unidas, em Genebra, como parte da 60ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

‎Em mensagem em vídeo, Zuppi rejeitou a ideia de que a guerra seja uma saída realista, defendendo, ao contrário, que “a abolição da guerra” é parte do próprio DNA da ONU e deveria ser uma prioridade renovada da comunidade internacional, “o equilíbrio de poder é instável e leva inevitavelmente ao uso da força, como vemos com o rearmamento crescente no mundo”, afirmou o cardeal, ecoando preocupações já expressas pelo Papa Francisco sobre uma “Terceira Guerra Mundial em pedaços”.

‎Zuppi também relembrou discursos históricos, como o de Paulo VI na ONU, em 1965, que qualificou a organização como “o caminho obrigatório da civilização moderna”, e citou as palavras de John F. Kennedy: “A humanidade deve pôr fim à guerra, ou a guerra porá fim à humanidade”.

‎O evento, que marca o centenário de nascimento do padre Oreste Benzi, fundador da comunidade Papa João XXIII, reuniu diversas vozes comprometidas com a paz.

O observador permanente da Santa Sé junto à ONU em Genebra, Héctor Balestreiro, enfatizou que, num mundo marcado pela incerteza e pelos conflitos, é urgente retomar o princípio do bem comum com atenção especial aos mais vulneráveis, “a paz não é apenas ausência de guerra, mas um compromisso com a dignidade humana”, citou, reforçando palavras do Papa Leão XIII.

‎A conferência também trouxe testemunhos impactantes. Voluntários da “Operação Pomba”, um corpo de paz não violento, relataram experiências em zonas de guerra como a Ucrânia e a ex-Iugoslávia. Mateu Fada, presidente da comunidade Papa João XXIII, destacou a urgência de substituir a lógica da guerra pela da cooperação. “Padre Benzi escolheu estar ao lado dos últimos. Ele lutou para criar uma nova sociedade de amor”, disse.

‎Outro relato comovente veio de Xiaomi Puvimanan Singh, oficial de direitos humanos da ONU e natural do Sri Lanka, que viveu 27 anos em meio ao conflito civil. “A guerra nunca é a solução”, afirmou, trazendo dados alarmantes como os 19 milhões de crianças fora da escola devido à guerra no Sudão, e os efeitos devastadores do conflito em Gaza.

‎O economista Stefano Zamagni, da Universidade de Bolonha, alertou para os perigos do atual cenário geopolítico. Para ele, o multipolarismo baseado apenas no poder sem um multilateralismo ético conduz ao caos. “A diplomacia está moribunda. Precisamos de uma cultura da paz e de ações concretas, como ministérios da paz e corpos civis da paz”, defendeu.

‎A mensagem final, compartilhada por todos os participantes, foi clara: é hora de organizar a paz com a mesma seriedade e recursos que, por séculos, foram dedicados à guerra. Um apelo que busca não apenas encerrar conflitos, mas reconstruir o futuro com base em justiça, solidariedade e dignidade para todos, lê-se no Vaticano News.

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